terça-feira, 26 de outubro de 2010

As Biozonas e os Processos de Fossilização:

A biostratigrafia tem por objectivo a datação relativa das rochas a partir dos fósseis nelas contidos. Assim, duas rochas, ainda que com aspecto diferente e de locais totalmente opostos, que apresentem conteúdo fossilífero semelhante, são tidas como tendo a mesma idade. No entanto, a análise biostratigráfica não é tão simples e directa pois existem diversos aspectos biológicos a considerar. A unidade biostratigráfica, denominada de biozona, consiste num corpo rochoso definido pelo conteúdo fossilífero presente nessa rocha. Pode ser de diversos tipos:

·        Extensão
·        Associação
·        Intervalo
·        Abundância
·        Linhagem

Existem diversas formas de definir uma biozona. Esta pode ser definida a partir da existência de fósseis de um determinado táxone (biozona de extensão), pelo aparecimento de determinado táxone entre dois biohorizontes, não sendo a zona entre esses dois biohorizontes necessariamente a zona total de extensão do táxone (biozona de intervalo) ou pela existência de diversos tipos de fósseis juntos e distintos do resto da rocha (biozona de associação).

Os fósseis utilizados para a definição das biozonas definem-se como fósseis de idade. Para que determinado fóssil possa ser classificado como fóssil de idade, esse tem que obedecer a determinados requisitos, tais como:

·        Evolução rápida e curta distribuição temporal, em que determinada espécie surgiu, desenvolveu-se e extinguiu-se em determinado período de tempo.

·        Ampla distribuição geográfica, para que sejam possíveis comparações de fósseis de diversos locais.

·        Ocorrência em abundância, pois assim será mais provável a ocorrência de fósseis de determinada espécie.

·        Estruturas fossilizáveis, tais como ossos, carapaças e conchas pois assim existe uma muito maior probabilidade de vir a existir um registo fóssil.

Existem diversos fósseis de idade tais como os Estromatólitos do Pré-Câmbrico, as Trilobites, Graptólitos, Goniatites, Braquiópodes e Arqueociatídeos do Paleozóico, Amonites, Rudistas Braquiópodes e Dinossaurios do Mesozóico e Mamíferos e Foraminíferos Planctónicos do Cenozóico. 

 Fósseis característicos das Eras

Todos estes fósseis foram formados através da denominada fossilização que consiste no processo de preservação de parte de um organismo vivo, regra geral das suas estruturas rígidas como os ossos ou conchas, num corpo rochoso sedimentar. Embora possa acontecer, é extremamente raro a preservação dos tecidos moles do animal. A fossilização é complexa e demorada e necessita de várias condições para poder ocorrer. Regar geral, observam-me condições anormais do meio para que haja fossilização, como cheias ou terramotos que permitem que o ser vivo, depois de morto, seja enterrado rapidamente. Se isto não suceder, é praticamente impossível que este se venha a tornar um fóssil. Deste modo, está protegido da presença de oxigénio que é responsável pela sua rápida degradação. É necessária também a  presença água rica em minerais que substituirão o tecido original e permitirão que a rocha mantenha a forma original.
Existem diversos processos de fossilização, entre os quais:

·        Mineralização / Petrificação: neste processo, o fóssil resulta da substituição dos restos orgânicos do ser vivo por matéria mineral, formando-se assim um molde nesse espaço preenchido. Ocorre quando o ser vivo é rapidamente coberto de sedimentos depois de morto ou numa fase inicial de deterioração.

·        Moldagem: no processo de moldagem, o material orgânico do ser vivo é deteriorado após o recobrimento com sedimentos mas não é substituído por matéria mineral. Em vez disso, esse espaço permanece vazio, criando assim um molde no lugar da matéria viva.

·        Marcas: são o processo de fossilização mais simples, pois pode consistir apenas em vestígios da actividade de determinado animal, como por exemplo, as pegadas resultantes da sua deslocação.

Existe um tipo particular de fósseis, chamados de fósseis vivos que são animais ou plantas existentes na actualidade que apareceram na Terra à vários milhares de anos e que têm mantido as suas características ao longo do tempo. São precisamente essas características que tem permitido a estes seres a sua permanência por tão longo período de tempo. Alguns deles, como o Celacanto, foram considerados extintos, para mais tarde serem descobertos novamente. São exemplos de fósseis vivos os Crocodilos, o Celacanto, a Ginkgo Biloba, etc. Esta é, no entanto, uma definição que é considerada informal à luz da ciência.

Trilobite



Referências:

Nichols, Gary, Sedimentology and Stratigraphy, Wiley-Blackwell.

     International Commission on Stratigraphy; http://www.stratigraphy.org/upload/bak/bio.htm

      Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Fossilindex/Fossilindex.htm

     Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação; http://e-geo.ineti.pt/edicoes_online/diversos/guiao_fosseis/capitulo2.htm


sexta-feira, 8 de outubro de 2010



 As Colunas Estratigráficas e os Princípios Fundamentais da Estratigrafia

   A estratigrafia é o ramo da geologia que estuda a estratificação das rochas. Um geólogo especializado nesta área designa-se por estratígrafo. É o profissional indicado para, após o estudo no terreno, passar os conhecimentos adquiridos para o papel. Pode, então, representar uma coluna estratigráfica que consiste numa representação esquemática vertical do conteúdo litológico de determinado local. A representação poderá ser apenas da sucessão de estratos, com os mais antigos no fundo e os mais recente no topo no caso do terreno em estudo ser regular, aplicando-se assim o princípio da sobreposição, como poderá apresentar outro tipo de informação como a existência de outros tipos de rochas, diversas deformações como falhas e dobras, etc., caso o terreno apresente estas particularidades. No caso de existirem estas ou outras irregularidades, o princípio da sobreposição nem sempre é válido pois pode existir, por exemplo, um filão camada entre dois estratos e este é mais recente que qualquer um desses estratos. Nesta situação, é válido o princípio da intersecção que define que qualquer rocha que intersecte outra é sempre mais recente que a rocha intersectada. Dependendo da situação, pode-se também enunciar o princípio da inclusão que define que fragmentos de uma rocha incluídos noutra são mais antigos que a rocha que os contém. 

  Em todo o caso, esta representação tem um carácter universal pois qualquer estratígrafo saberá interpretar uma coluna desenhada por outro geólogo e, a partir dela, compreender a geologia do local em estudo.

   As rochas sedimentares são as rochas resultantes da acção de agentes como a água e o vento que transportam os sedimentos, os depositam em determinado local e sofrem posteriormente o processo de diagénese. Sobre o processo de deposição, pode-se enunciar o princípio da horizontalidade que refere que os sedimentos são sempre depositados em camadas horizontais. No caso de haver alteração desta horizontalidade, a mesma acontece posteriormente. É comum os estratos conterem fósseis de diversas espécies o que ajuda na datação das rochas pois, segundo o princípio da identidade paleontológica, estratos com o mesmo conteúdo fossilífero têm a mesma idade. Os fósseis estratigráficos são caracterizados por:

- Rápida evolução, ou seja, curta longevidade;
- Vasta repartição geográfica;
- Ocorrência frequente;
- Identificação simples.

   Para a representação litológica na coluna estratigráfica, os sedimentos do mesmo tipo são agrupados e definem assim uma camada. Uma camada, sendo definida por limites superior e inferior, permitiu a definição do princípio da continuidade lateral, princípio este que nos indica que todos os pontos dessa camada têm a mesma idade. Concluído o estudo litológico, a sucessão das várias camadas vai, então, ser representada para dar origem à coluna estratigráfica. Nesta fase, não só é importante o conhecimento das rochas em si, mas também o modo como se ligam entre elas. Definem-se, então, todos os acontecimentos geológicos presentes no local, como as falhas, dobras, diques, etc.

   A coluna estratigráfica poderá apresentar outro tipo de informação importante como a espessura das camadas, a composição percentual de cada uma delas, a cor, o conteúdo fossilífero, entre outros. Quer a litologia, quer o conteúdo fossilífero presentes na coluna são representados por símbolos próprios chamados de tramas geológicas. A coluna deverá sempre vir acompanhada da respectiva legenda, quer da litologia, quer dos fósseis.


Fig.1: coluna estratigráfica e respectivas tramas geológicas

Referências: